António Pedro Santos / LUSA

ENSAÍSTA

Morreu o ensaísta Eduardo Lourenço

Lisboa, 01 dez 2020 (Lusa) – O ensaísta Eduardo Lourenço, de 97 anos, morreu hoje, em Lisboa, confirmou à agência Lusa fonte da Presidência da República.

Professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, interventor cívico, várias vezes galardoado e distinguido, Eduardo Lourenço foi um dos pensadores mais proeminentes da cultura portuguesa.

Eduardo Lourenço Faria nasceu em 23 de maio de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, no distrito da Guarda, Beira Alta.

Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, na Universidade de Coimbra, em 1946, aí inicia o seu percurso, como assistente e como autor, com a publicação de “Heterodoxia” (1949).

Seguir-se-iam as funções de Leitor de Cultura Portuguesa, nas universidades de Hamburgo e Heidelberg, em Montpellier e no Brasil, até se fixar na cidade francesa de Vence, em 1965, com atividade pedagógica nas principais universidades francesas.

Foi conselheiro cultural da Embaixada Portuguesa em Roma. Em 1999, passou a administrador não executivo da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que tem em curso a publicação da sua obra integral.

Autor de mais de 40 títulos, possuiu desde sempre “um olhar inquietante sobre a realidade”, como destacaram os seus pares.

“O Labirinto da Saudade” e “Fernando, Rei da Nossa Baviera” são algumas das suas principais obras.

Eduardo Lourenço recebeu o Prémio Camões (1996) e o Prémio Pessoa (2011).

Entre outras distinções, recebeu as insígnias de Grande Oficial e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

Era Oficial da Ordem Nacional do Mérito, Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras e da Legião de Honra de França.

“Na verdade, falo de mim em todos os textos”, disse Eduardo Lourenço sobre a sua obra, citado pelo Centro Nacional de Cultura, nas páginas que lhe dedica ‘online’. “Cada um dos assuntos por que me interesso daria para ocupar várias pessoas durante toda a vida. [Mas como] não possuo vocação heteronímica, tenho procurado encontrar um nexo entre as minhas diversas abordagens da realidade”.

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